Para relatar o nascimento da Olívia, preciso contar sobre o nascimento da minha primeira filha Helena de 3 anos e meio, também acompanhada pela equipe Parto sem Medo.
Dr Alberto Guimarães acompanhou o parto de três dos meus sobrinhos. Foi assim que cheguei até ele e sua equipe.No momento em que descobri que estava grávida resolvi buscar as melhores opções.
Sempre pensei no parto normal e nunca desejei passar por uma cesárea sem necessidade. Essa cirurgia, para mim, é um procedimento que deve ser usado em casos de necessidade.
Na verdade eu não fazia idéia do que seria o parto normal. As pessoas falavam da dor mas eu não me intimidava por ela: me preparei para esse momento durante a gestação. O parto normal já estava desejado, vivo dentro mim e do meu marido , que me apoiou em todos os momentos e escolhas.
Tudo foi muito tranquilo e enfim chegamos a 41 semanas e 5 dias de gestação. Fiz sessões de acupuntura para entrar em trabalho de parto. Helena, no entanto, estava bem sossegada na barriga da mamãe e por volta das 23hrs a bolsa rompeu. Esperei meu marido sair do banho para contar a novidade e mandei mensagem para a doula e enfermeira obstetra que me orientaram e me deram todo suporte.
Estava muito cansada e como o rompimento era parcial ou alto tomei banho e fui descansar. No dia seguinte as contrações começaram por volta das 8hrs. Intensifiquei as caminhadas, separei tudo para a maternidade e de fato as contrações deram sinal de que o TP evoluía. Em seguida a doula chegou em casa.
Preparou chá, colocou bolsa morna na minha lombar, fez acupuntura, me ajudou nas posições, me dava homeopatia e com sua sútil e carinhosa presença me auxiliava.
Por volta das 16hrs fomos para a maternidade: eu, meu marido e a doula.
No carro as dores eram intensas e não encontrava posição para ficar. Uma mistura de sentimentos foi tomando conta de mim. Na maternidade me despedi da doula e a enfermeira obstetra entrou em cena (na época a ProMatre não permitia a entrada de doulas na sala de parto).
A enfermeira atuou me examinando, acompanhando o cardiotoco, massageando meu períneo durante algumas contrações para tentar facilitar a passagem. O esforço era grande e nunca pensei que pudesse ser assim. Fui para a banheira, banqueta, tentei ficar de cócoras e nesse momento o Dr. Alberto já estava conosco, sempre tentando extrair o melhor de mim, me encorajando com muito respeito e transmitindo muita segurança.
Já estava ficando cansada quando a enfermeira me disse: “coloca a mão. Ela é muito cabeluda” rs. Em seguida o Dr. Alberto disse que não podíamos mais esperar e que era a hora de nascer!!
Surgiu em mim uma força que nunca tinha visto antes: meu marido apoiando minha perna, a enfermeira apoiando a outra para facilitar meu posicionamento e a cada contração eu sentia a Helena descer e enfim ouço aquele chorinho gostoso.
Eu não escutei mais nada, somente aquele chorinho: o tempo parou! Foram pouco mais de 24 horas, mas aqueles últimos 2 minutos são para ficar gravado no coração para o resto de minha vida.
Nesses minutos experimentei todos os sentimentos possíveis, Felicidade, alegria, ansiedade, dor, medo, coragem, SUPERAÇÃO, amor, esperança, insegurança, carinho, poder, entre tantos outros. Sem dúvidas a melhor experiência que uma mulher pode ter.
Partindo dessa experiência maravilhosa, programamos a gravidez da Olívia com todo carinho. Era esse sentimento que eu queria reviver. Eu estava com saudade e muita vontade de passar por aquele momento novamente.
E mais uma vez procuramos a equipe Parto Sem Medo, que esteve comigo em toda a gestação e dessa vez eu me sentia melhor, mais preparada e já conhecia o meu corpo.
Mas o que faltava eu aprender é que cada bebê, decide a melhor forma para nascer não importa o que eu fizesse, Olívia me mostrou desde então que era diferente.
Com um pouco mais de 30 semanas de gestação, Olívia se apresentou pélvica e lá fui eu novamente fazer acupuntura, exercícios, meditações, posições estáticas etc.
Apelei para minhas orações e nada dela virar. Olívia estava me mostrando que era assim que queria nascer, assim ela escolheu vir ao mundo e me pegou desprevenida, pois a certeza de um segundo parto normal não existia mais, porque eu não arriscaria um parto normal pélvico.
Mais uma vez conto com a equipe, que nos tranquilizou e me ajudou a idealizar um novo parto. Confesso que fiquei chateada com a mudança de rumo, mas a decisão não estava mais em minhas mãos.
As pessoas ao meu redor me perguntavam: “mas você não vai marcar a cesárea? É arriscado entrar em trabalho de parto se o bebê está pélvico!!”
E tudo que eu e meu marido não queríamos era escolher o dia dela nascer, como nós saberíamos se ela estava pronta?
Com 40 semanas e 2 dias, no dia em que eu me encontrava diferente, serena, dia em que me encontrei comigo mesma, Olívia decidiu nascer. Penso que esse encontro tenha transmitido a ela a segurança que ela precisava para nascer.
Me deitei para fazer a Helena dormir, conversamos , contei historinhas para ela e quando pegou no sono naquele silêncio eu sinto a bolsa estourar.
Imediatamente me veio uma felicidade tão grande que agradeci a Deus por vivenciar mais um milagre da vida e disse à minha filha, Seja bem vinda Olívia.
Para minha surpresa vi que tinha mecônio no líquido. Falei com doula e a enfermeira obstetra que me orientaram não demorar para ir para a maternidade e o maridão na academia sem celular rs.
Começa aquela correria: liguei para quem pudesse avisar o marido, ligo para cunhada buscar a mais velha, ligo para pediatra, coloco as últimas coisas na mala, marido chega afoito que não sabia o que fazia primeiro, estava todo preocupado. Tomo banho, a cunhada chega, colocamos tudo no carro e fomos para maternidade.
Durante o caminho as contrações começam e se iniciam as dores e minha alegria também em viver toda essa emoção novamente. A doula e a enfermeira obstetra já estavam a minha espera na maternidade e não podíamos esperar a evolução do parto. Fomos seguindo os procedimentos para a cesárea. A doula, mais uma vez cuidando de mim, acupuntura , arnica e carinho, Enfermeira obstetra conversando com médicos , enfermeiras e pediatra e me orientando sobre o parto e a chegada de um bebê pélvico.
Dr. Alberto já estava no centro cirúrgico e tudo correndo bem . Ele me informando de cada passo durante o processo da cesárea: chegou a hora estão preparados?!
A luz já estava baixa a preocupação com o silêncio foi tomando conta da sala. Fábio estava do meu lado e se levantou para não perder o momento da saída dela e eu ansiosa para ouvir seu chorinho.
Olívia nasce e passam ela por debaixo do pano. Ela vem para os meus braços: linda em contato pele a pele com a mamãe onde pode mamar na sua primeira hora de vida. Ficamos ali conversando e nos conhecendo.
A doula com sua positividade me tirava daquele centro cirúrgico e me centrava no encontro com a Olívia. A enfermeira obstetra nos ajudava na primeira mamada e Dr. Alberto esperou o momento ideal para cortar o cordão umbilical.
Cada passo aconteceu com muito respeito, sem pressa, e desde então estamos juntos. Uma família completa, cheia de amor e crescendo todos juntos.
Posso dizer que tive uma cesárea respeitosa e que minha filha nasceu no tempo dela e com muito respeito envolvido. Escolhi a melhor equipe para nos acompanhar: pessoas que amam o que fazem e que esse amor e essas escolhas fizeram dos meus dois partos, partos inesquecíveis.
Hoje, depois de ter vivido as duas experiências distintas – parto normal e cesárea – me pergunto: Quem foi que disse que a cesárea é melhor e mais prática que o parto normal?
Para quem fala da dor do parto normal, quem te contou que a dor do parto normal é maior que a chatice do pós-operatório da cesárea ?
Depois do meu parto normal eu me sentia ótima: levantei, tomei banho, sentava, deitava, não inchei e não precisei de analgésicos. Acordar para amamentar durante a madrugada era tranquilo. Eu só me sentia cansada e cansaço a gente resolve descansando, nada mais.
E depois da cesárea? Fiquei dias com incômodo para urinar, ainda não sinto minha barriga do umbigo até a virilha, parte do cóccix também não. Meus pontos demoraram para secar, fora a preocupação em cuidar dos pontos, ficar com soro e analgésicos, impossível levantar e sentar com agilidade e sem dor. Em casa, acordar por várias vezes durante a madrugada para amamentar então… e a cicatriz?
Me pergunto por que a mulher que pode optar pelo melhor para ela e para seu filho opta em passar pela cesárea?
Por que as pessoas insistem em induzir que um procedimento cirúrgico sem necessidade é melhor? Essas pessoas estão te tirando o direito de escolha e o melhor e único momento da sua vida que é parir!