A GESTAÇÃO
Para que eu possa relatar meu parto, preciso primeiro relatar a gestação. Com 6 semanas me descobri grávida, uma gestação não planejada, eu e meu marido ficamos sem entender o quanto nossas vidas iriam mudar 3 testes positivos de farmácia, 1 beta HCG positivo, e lá vamos nós em busca daquele parto humanizado, porque antes mesmo de engravidar eu já sabia que esse seria o melhor parto para mim e meu filho.
Conversa vai e vem, pesquisas, descobrimos o Parto Sem Medo. Muitos relatos de parto incríveis com o Dr. Alberto, a clinica alí perto de casa, no Pacaembu, fomos para a primeira consulta. Eu e João, meu marido, não vamos mentir: foi amor a primeira vista.
Dr. Alberto sempre com a maior paciência
A EQUIPE
Passam-se semanas, meses, começo a frequentar as atividades do espaço, as segundas feiras o Encontro com Doulas, que é um encontro gratuíto com as doulas que integram a equipe da Parto Sem Medo e que nos fazem muito bem. Frequentei até a última semana de gestação.
Nisso, vamos nos aproximando e escolhendo o restante da equipe: já temos o Dr. Alberto, agora precisa de doula e enfermeira obstetra. Decidimos também contratar a pediatra, afinal, de que adiantaria ter um parto humanizado e seu filho sofrer intervenções desnecessárias?
Um anestesia ficaria de stand by para caso eu solicitasse, mas só se eu solicitasse.
Bom, tempo vai tempo vem, chegamos nas 40 semanas e nada do Victor dar sinal que queria vir ao mundo, como eu li muito e meu marido também, sabíamos que a gestação poderia ultrapassar de 42 semanas e estávamos bem quanto a isso, com plena confiança também na equipe que havíamos escolhido.
41 semanas, começamos a monitorar a cada 3 dias, líquido bom, bebê forte, pode ficar mais um pouco.
Com 41+2 o tampão começa a sair. O Dr. Alberto recomenda que eu fale com a doula sobre exercícios que podem ajudar. Como sempre, a doula me tranquiliza em relação a meus medos e anseios, fizemos exercícios, com direito a até mesmo alguns mimos como massagens por exemplo.
Pródromos começam. Chega nas 41+6, passamos em consulta, autorizo um toque, colo médio, peço para o Dr. Alberto sobre o que podemos fazer para dar um empurrãozinho, ele comenta do descolamento de membranas e eu aceito. Após isso os pródromos ficam mais intensos. No mesmo dia, fizemos 2 horas de acupuntura para indução com a acupunturista também da equipe da Parto Sem Medo. As contrações irregulares, intervalos de 7 a 12 min, com 40 a 50seg.
Fim de tarde: 3cm de dilatação, recomendação da enfermeira obstetra após mais rebozo e escalda pés: ir para casa, ficar quentinha, se alimentar bem e descansar.
Contrações irregulares durante toda a madrugada pegam ritmo e param. Chegamos nas 42 semanas, e conforme combinado com o Dr. Alberto, vamos pensar em indução. Acordo, me alimento, arrumo as coisas finais e vamos para o São Luiz. Nisso, as contrações já começam a regularizar, mas ainda assim, sinto que preciso de um empurrãozinho.
O PARTO
A doula e a enfermeira obstetra nos encontram no S. Luiz. A enfermeira insere no meu colo, a fita PES. Logo as contrações pegam ritmo e ficam doloridas. Quando vejo já estão menos espaçadas, outro toque: 5cm, colo fino, junto com tampão ia saindo sangue.
Vou pro chuveiro e a doula me massageia enquanto a enfermeira pede a delivery room. João sempre ao meu lado, me abanando durante as contrações e me fazendo rir nos intervalos, eu estava plena e feliz. Finalmente meu dia havia chegado.
Chegamos na delivery room, a doula me massageando durante as contrações e entro na banheira. A água não esquentava de jeito nenhum e as contrações ficando mais fortes. João jogando água do chuveiro nas minhas costas, me abanando e de repente, veio a vontade de fazer força. Caraca, que rápido que estava sendo! Acho que por isso estava tão dolorido. Cheguei ao ponto que eu não queria chegar, depois de todos os métodos não farmacológicos de alivio: a analgesia!
Eu implorei por ela, nos intervalos de puxos. Caramba como dói eu pensava. Dr. Alberto chega, pergunta se tenho certeza da analgesia e eu respondo que sim. Dai comecei a entrar na famosa “Partolândia”. Dr. Alberto diz que eu virei bicho e eu deveria me orgulhar disso.
Nessa hora que eu volto a dizer santa doula, diz meu marido que eu brigava com ela durante as contrações, mas que pedia desculpas quando as contrações paravam. É difícil empurrar, o expulsivo é difícil. Tentei banqueta, cócoras, de quatro. Às vezes eu empurrava certo, às vezes eu empurrava o pescoço. Já haviam se passado quase 4 horas de expulsivo. O Dr. Alberto, a doula, a enfermeira e João me incentivando sempre.
Mas eu já estava na exaustão, a analgesia já havia passado, e o santo anestesista me fez outra: sempre ao meu pedido, sempre tendo minhas vontades respeitadas.
A bolsa estourou pouco antes dele nascer. Mas no fim, eu sentia a cabeça dele ir e voltar. Eu pedi ao Dr. Alberto se tinha algo que ele podia fazer para me ajudar, ele me incentivava dizendo que eu conseguiria, que eu sou forte e eu podia, mas eu sabia que não conseguiria sem uma ajuda.
Eu pedi o uso do fórceps de alivio. Dr. Alberto não queria usar, mas respeitando meu desejo me ajudou, segundo ele nem precisou de muito, eu acabei fazendo a maior parte do trabalho. Pronto, meu Victor havia chegado, às 2:44 da manhã, do dia 23/11, com 42 semanas e 1 dia, em um parto normal humanizado, com uma circular de cordão, diferente do que eu planejei, mas foi o parto que eu precisei.
Veio para meu colo, me auxiliaram a ajudar ele a procurar o peito. João, que tanto me ajudou e incentivou, cortou o cordão apenas após parar de pulsar. Que parto lindo! Bem, passa meia hora e a placenta não sai. Sinto que algo está errado, começo a ver tudo branco e peço para o João ficar com o Victor. Realmente, algo não estava certo. Minha placenta estava acreta, não dava sinais que sairia por conta própria. Dr. Alberto terá que fazer extração manual.
Perdi muito sangue, quase 2 litros, pressão foi para 6 por 4. O anestesista da equipe foi, junto com o Dr. Alberto, um anjo. Graças a ele não precisei ir para a UTI. Meu parto foi lindo, o depois que foi difícil, mas com a equipe que eu tive, foi tudo mais fácil de assimilar.
Precisei de 4 bolsas de sangue, estou anêmica, mas de uma coisa tenho certeza: foi o melhor parto que eu podia escolher. Para quem pergunta: não, não tinha como saber que a placenta estava acreta, não significa que ela ficou assim por causa das 42 semanas, e sim, uma cesárea poderia ter sido bem pior, pois em cirurgia se perde mais sangue. De uma coisa tenho certeza: meu próximo parto será normal. Se Deus perrmitir, com a mesma equipe.
Obrigada Dr. Alberto Guimarães e a equipe da Parto Sem Medo. E obrigada ao meu amor, meu parceiro, meu esposo João, que embarcou fundo comigo nessa! Amo você querido, obrigada equipe e obrigada Deus!