Dr. Alberto Guimarães, Presidente do Instituto Michel Odent participa de cerimônia

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Dr. Alberto Guimarães, Presidente do Instituto Michel Odent participa de cerimônia
O médico obstetra francês Michel Odent recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília dia 05 de Dezembro de 2017 em evento aberto para o público. O evento foi organizado pelo Instituto MicHel Odent em parceria com a ReHuNa, Rede pela Humanização do Parto e Nascimento e contou com o apoio da Liga de humanização do Parto e Nascimento da Universidade de Brasília.

Antes da outorga do título, Odent fez uma palestra com o Título: "Parto e Nascimento: dos avanços técnicos aos científicos". A palestra foi transmitida ao vivo de Londres. Você pode assistir à palestra aqui.


Na ocasião esteve presente o médico Alberto Jorge Guimarães, presidente do Instituto Michel Odent (IMO), organização responsável por traduzir, publicar e manter obras completas em português deste incrível obstetra francês que tem oferecido grandes contribuições para humanidade.  O IMO também procura trabalhar para divulgar os pensamentos de Michel Odent através da realização de palestras, seminários, cursos, qualificações, intercâmbios, eventos, pesquisas, filmes, exposições e outras iniciativas socioculturais. 
 
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O trabalho de Alberto Guimarães tem sido fundamental para implementar as idéias de Odent no ambiente hospitalar brasileiro, cenário da maioria dos nascimentos do país. "Os estudos e aplicações sugeridas por este obstetra  são fundamentais para uma mudança no ambiente hospitalar que pode proporcionar à mulher uma vivência plena do processo com menor interferência. Os resultados em satisfação e desfechos positivos incentivam que novos profissionais modifiquem suas culturas obstétricas", destaca o presidente do Instituto que vem ao longo dos anos oferecendo treinamentos e participando de programas como Parto Adequado, com mudanças já sentidas no cenário hospitalar. 
 
As principais idéias de Michel Odent
 
Michel Odent tem dedicado a maior parte de sua vida ao estudo do “período primal” (a vida fetal, parto e o primeiro ano de vida). Odent esteve no comando das unidades cirúrgicas e da maternidade do Hospital de Pithiviers (França) entre 1962 e 1985, onde desenvolveu um interesse especial em fatores ambientais que influenciam o processo de nascimento. Ele introduziu conceitos inovadores tais como salas ‘familiares’ e acolhedoras para parto, piscinas de parto em maternidades e sessões de canto para mulheres grávidas. Depois de sua carreira hospitalar, ele se envolveu com parto domiciliar. Posteriormente, fundou o Centro de Investigação em Saúde Primal em Londres, criando um banco de dados (primalhealthresearch.org), a fim de compilar estudos epidemiológicos. Estes estudos exploram correlações entre o que acontece durante o “período primal” e a saúde na idade adulta e crescimento. Com 14 livros e mais de 50 artigos científicos publicados, entre essas publicações: o  primeiro artigo cientifico sobre a importância da amamentação na primeira hora após o nascimento, o primeiro artigo sobre o uso de piscinas durante o parto, e o primeiro artigo sobre a ” Teoria de controle da dor ”  e sua aplicação no trabalho de parto.
 
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Odent trabalha em especial com a questão do antagonismo entre os hormônios da família da adrenalina, que são liberados a partir da atividade do neo-córtex e a liberação dos “hormônios do amor” a partir do cérebro primitivo que são necessários para o parto e nascimento assim como para outros eventos da vida sexual como a amamentação e a própria relação sexual. Compreendendo o parto e nascimento como processo involuntário comandado pelo cérebro primitivo, Odent propõe que a principal função de quem assiste aos partos é proteger o ambiente para que as mulheres possam liberar os hormônios necessários em especial a ocitocina e as endorfinas, que sabemos são hormônios tímidos que dependem do ambiente para sua liberação. Tendo como ponto de partida o que já conhecemos sobre o estimulo neocortical, Odent define então as “necessidades básicas das mulheres em trabalho de parto”:
 
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Luz: deve ser baixa e não clara, a luz estimula a atividade do neocórtex.
Deve-se evitar a Linguagem verbal, pois ela é forte estimulante do neocórtex
A mulher deve se sentir segura para que possa liberar o “coquetel de hormônios do Amor”
Evitar situações que impliquem liberação de adrenalina como frio ou situações que possam provocar medo
Privacidade – não se sentir observada é fundamental para a liberação hormonal
 
 
O Evento
 
A Enfermeira Obstétrica Heloisa Lessa representou o homenageado na cerimônia e recebeu o título como representante e idealizadora do Instituto Michel Odent.   
 
 
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​Por ocasião da reunião do Conselho Universitário que decidiu pela outorga, em discurso sobre o homenageado, a professora da Faculdade de Ciências da Saúde e presidente da Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento (ReHuNa), Daphne Rattner, destacou um dos principais lemas de Odent: “Para mudar o mundo, é preciso primeiro mudar a forma de nascer”.
 
Segundo a professora, é necessário que haja uma mudança de cultura no Brasil, pois o número de cesarianas é alarmante. “Mudar uma cultura é algo difícil. Em muitos casos é necessário que haja um expoente, como é Michel Odent”, declarou.
 
Segundo Daphne, a entrega do título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Brasilia para Michel Odent foi uma forma de reconhecer seu trabalho científico para mudanças importantes  sobre o nascimento e o futuro da humanidade. O título Doutor Honoris Causa é atribuído à personalidades que se destaquem pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.
 
 
A Universidade Federal de Brasília já concedeu esse título a grandes nomes mundiais como em  2011 para o educador Paulo Freire; em 2000 para José Mindlin, Ex-secretário de Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo; no mesmo ano para a escritora brasileira Lygia Fagundes Telles; em 1999 para Arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns e Tenzin Gyatso, XIV Dalai Lama; em 1998 para o escritor Jorge Amado  e um ano antes para o também escritor português e ganhador do Nobel. José Saramago; em 1994 para Darcy Ribeiro Fundador da UnB, etnólogo, antropólogo, sociólogo, educador, ensaísta e romancista; em 1990 para Nelson Mandela, Líder político da África do Sul
 
 
Para conhecer um pouco mais das contribuições científicas de Michel Odent: 
 
Em 1975, ele descreveu na revista médica “La Nouvelle Presse Médicale” sua técnica de tratamento de dores nas costas durante o trabalho de parto, assim como da cólica renal, com injeções de água estéril em determinados pontos da região lombar. Foi a primeira referência médica ao uso obstétrico da “Teoria do portão da dor”. Em 2004, um artigo de revisão publicado na “Revista Americana de Obstetrícia e Ginecologia” noticiou que era a única terapia não farmacológica constantemente eficaz no tratamento da dor durante o trabalho de parto.
 
Na mesma época, introduziu o conceito de piscina de parto nos hospitais. Seu artigo no Lancet, em 1983, foi o primeiro sobre esse assunto a ser publicado numa revista médica de renome internacional. 
 
Também na mesma época, publicou os primeiros artigos sobre o início da amamentação na primeira hora após o nascimento, desafiando os efeitos de milênios de crenças e rituais perinatais. 
 
Na década de 1980, ele introduziu o termo “reflexo de ejeção do feto” no quadro do nascimento humano. Foi uma oportunidade de apresentar o conceito de inibição neocortical como uma chave para entender a natureza humana em geral e o nascimento humano em particular. 
 
Em 1982, numa conferência em Oxford, organizada pela McCarrison Society, falou  sobre “O Parto e as Doenças da Civilização”. Partindo de considerações puramente teóricas, ele antecipou o advento de uma nova geração de estudos epidemiológicos que pesquisam correlações entre o que acontece durante o “período Primal” e o que acontece mais tarde na vida em termos de saúde e traços de personalidade.  Hoje, existem mais de 1.000 entradas no banco de seu interesse na relação entre Homo e a água foi expresso não somente pelo uso de piscinas de parto mas também por estudos de nutrição durante a gestação.
 
Desde o início da década de 1980, ele estava em comunicação com Elaine Morgan, autora do livro O Macaco Aquático e participou de seminários que ela organizou sobre a Hipótese do Macaco Aquático. Em 2017, em seu livro “Chimpanzé Marinho”, a ser lançado em breve pelo Instituto Michel Odent, apresentou uma visão radicalmente nova da natureza humana baseada numa combinação única de dados provenientes de uma grande diversidade de disciplinas em rápido desenvolvimento: genética, fisiologia, patologia, história da canoagem, estudos sobre as mudanças dos níveis do mar etc.
 
 


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